Vazamentos de óleo e substâncias perigosas no Brasil: qual a nossa realidade?

No Natal 2020 nossa equipe de pronto atendimento foi chamada para um acidente em um pequeno terminal de combustíveis.

Até aí nada demais, mas o que chamou atenção foi o total despreparo e falta de interesse das pessoas e dos órgãos fiscalizadores quanto a importância de se ter equipamento e conhecimento em utilizá-los.

Até quando?

Cerca de 10 mil navios-tanque estão, neste exato momento, transportando petróleo e derivados pelos mares do mundo, 100 mil produtos químicos são produzidos comercialmente, dentre as quais mais de mil em quantidades superiores a mil toneladas anuais e são transportados por navios, estradas e ferrovias.

Contando com operações como carga, descarga e transferência de produtos, entre outras situações, todos apresentam risco de vazamentos acidentais tanto em área portuária, como nas operações terrestres.

A ocorrência de incidentes, envolvendo grandes vazamentos, passou a ser uma questão de tempo.

No Brasil, com o evento do pré-sal, novas refinarias, novos portos e bases de apoio podemos dizer que estamos em ebulição neste mercado e a gestão de sustentabilidade, QSMS -RS e pronto atendimento emergencial tenta acompanhar. Quando não é esquecida…

Estes acontecimentos fazem com que nós profissionais da área de QSMS-RS e emergência ambiental reflitamos sobre como estamos preparados em nossas instalações e nas comunidades em volta para esses acidentes.

Será que todos já possuem um plano de contingência para tal ocorrência ou pelo menos um sistema de gestão de QSMS-RS voltado para este acontecimento?

Se sim, estes planos são consistentes ou são somente para constar e cumprir a exigência do órgão ambiental?

Qual é realmente o valor de uma boa gestão do plano de contingência, na hora de uma emergência?

Acidentes ambientais que envolvem óleo e substâncias perigosas causam impactos ambientais e provocam grandes perdas econômicas. Estes incidentes podem demandar utilização intensa de recursos materiais, humanos e financeiros.

A impossibilidade de bloqueio de acidentes torna necessária a adoção de planos de gerenciamento dos riscos em todo o processo nas operações e armazenamento.

A implantação de planos de contingência para vazamentos, visando a diminuição da magnitude e do alcance do evento e também a minimização dos seus efeitos é a ação de maior eficácia para preparação e atuação em situações de emergência.

Um plano para atendimento a vazamentos de óleo e substâncias perigosas é considerado o modo mais eficaz de planejamento de combate a este tipo de evento.

Dependendo da amplitude e gravidade do evento é exigida atuação local, regional, nacional ou internacional, sendo fundamental que haja planejamento e preparo anterior às ocorrências para obtenção de sucesso no combate e minimização de danos.

Planejar é essencial para o sucesso de qualquer operação, especialmente às do controle de emergências. Deve se identificar as áreas sensíveis, estabelecendo as prioridades para sua proteção e escolher os métodos de atuação para se reduzir o número de decisões a serem tomadas em ambiente tenso de gerenciamento de crise.

A eficácia de um plano, com modos de resposta previamente estudados e praticados, facilita a atuação no caso de uma situação de emergência real.

Quando estes seguem o conceito de resposta escalonada, possibilita-se a transição entre o nível de resposta local, regional e entre este o nacional, de forma simplificada, dada a similaridade de estrutura conceitual.

Plano Estratégico x Parte Operacional

Os planos de contingência são eficientes quando divididos em duas partes: uma estratégica e outra operacional.

O plano estratégico estabelece as diretrizes de resposta como os procedimentos de treinamento, simulados e sua atualização, relacionar os atores envolvidos e seus papéis a abrangência geográfica, as prioridades de atuação e de proteção e evidenciar as interfaces com outras ações e planos.

A parte operacional deve descrever os procedimentos a serem seguidos para comunicação de incidentes, avaliação de cenários em andamento, acionamento e execução da resposta, comunicações entre os grupos executores e para o público externo e procedimentos de encerramento.

Estes esforços de gestão e acompanhamento são necessários para a determinação de melhorar a capacidade de resposta a estes acidentes, que atinge um ápice na ocorrência, mas esta determinação esvaece com o tempo, até que novo incidente aconteça.

Sempre tarde demais!

Uma vez acontecido fica difícil perante o mercado falar sobre suas ações de sustentabilidade quando sua imagem foi arranhada.

Exemplos não faltam nos dias de hoje.

Estamos juntos!

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