Caro leitor, sem dúvida, a pergunta mais recorrente que ouço dos meus alunos mentorados do Método Hergon é: Quanto tempo devo recomendar de pausas? Sinto dizer que a resposta nem sempre é precisa e objetiva. Mas calma, não vou te deixar na mão. Leia o texto até o final…
O que diz a NR-17?
Na NR-17 as pausas são bastantes citadas como medidas preventivas, mas não aponta um tempo específico. A norma trata mais do contexto da pausa (devem ser computadas como tempo de trabalho efetivo; não pode ser acompanhada de aumento da cadência individual; devem ser usufruídas fora dos postos de trabalho) do que propriamente do tempo especificadamente da pausa.
Mas existem algumas atividades de trabalho que há uma recomendação precisa em relação ao tempo versus jornada de trabalho. E quais seriam esses contextos?
ANEXO II da NR-17
Vamos encontrar para as atividades de teleatendimento/telemarketing, onde a norma versa que as pausas devem ser concedidas em 02 (dois) períodos de 10 (dez) minutos contínuos; e após os primeiros e antes dos últimos (sessenta) minutos de trabalho.
ERGONOMIA na NR-36
Na norma que trata da atividade de abate e processamento de carnes e derivados consta uma tabela relacionando jornada de trabalho x tempo de tolerância para aplicação da pausa x tempo de pausa. Mas a recomendação mais usual é que os trabalhadores que realizam atividades em locais refrigerados e movimentam cargas, devem pausar 20 minutos após 1h40 de trabalho.
ABNT NBR ISO 11228-3
Nesta ISO, que trata de Movimentação de cargas leves em alta frequência de repetição (conhecida repetitividade), você encontrará esta citação:
“Para tarefas repetitivas, a condição de referência é representada pela presença, para cada hora de tarefa repetitiva, de intervalos de trabalho de pelo menos dez minutos consecutivos, ou para períodos de trabalho que durem menos de 1h, em uma proporção de 5:1 entre o tempo de trabalho e tempo de recuperação”.
CLT
A CLT cita sobre a obrigatoriedade das pausas no trabalho em minas de subsolo, sendo que a cada três horas consecutivas de trabalho é preciso uma pausa de 15 minutos. Mas o que eu entendo que acaba justificando a recomendação mais usual, que é um intervalo de 10 minutos a cada duas horas, pode ser justificada na ferramenta TOR-TOM e nos estudos sobre taxa de ocupação e do professor Hudson Couto (ERGONOMIA 4.0).
Resumidamente, a tese trata de quanto maior o esforço, menor a taxa de ocupação de trabalho efetivo e maior o tempo de recuperação de fadiga (pausas). Em condições favoráveis, sem esforço excessivo ou posturas incorretas, a recomendação é de 91% de taxa de ocupação. Ou seja, 91% de atividade laboral propriamente dita, 5% necessidades fisiológicas e 4% recuperação de fadiga (pausas). Na medida que o trabalho vai impondo repetitivdade, forças e desvios posturuais significativos, a taxa de ocupação deve ser gradativamente reduzida (85%, 80%, 75% etc.).
A atividade pode até impor uma certa fadiga, mas se não requer processos repetitivos, posturas desfavoráveis e extremas, e exigências de força, é possível dimensionar numa jornada diária de 480 minutos, em torno de 20 minutos (4%) de intervalo ao longo do dia. O ideal é que estas pausas possam ser realizadas 10 minutos pela manhã e 10 minutos pela tarde, após os primeiros e antes dos últimos 60 (sessenta) minutos de trabalho) Então é isso, quando não for possível, através de normas e referências, dimensionar o tempo de pausas de forma objetiva, recorra a taxa de ocupação do Dr.Hudson Couto, que é uma excelente referência no cenário da ergonomia.