A gestão de SST está na vitrine. O advento do eSocial, a possibilidade de privatização do seguro acidentário e a proposta de nova norma de gestão de riscos, o PGR, vem trazendo crescente discussão sobre a necessidade de iniciar práticas de gestão de Saúde e Segurança do Trabalho nas empresas.
Hoje, a área de SST é relegada na maioria das empresas. Por falta de conhecimento ou/e organização e planejamento, muitos empregadores só se preocupam quando são obrigados a cumprir algum requisito legal de saúde e segurança.
Este cenário deve mudar nos próximos anos. Estamos caminhando no sentido de responsabilizar as empresas pelos custos decorrentes da gestão de SST negligente. A necessidade de iniciar práticas irá se mostrar cada vez mais evidente.
O que é gestão de SST?
Esse termo “gestão” pode parecer abstrato. Na verdade é.
Gestão é a parte prática da administração. A administração é definida como “processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando a realização de objetivos” (MARTINS, José. do Prado)
Quando pensamos em Saúde e Segurança do Trabalho, o principal objetivo da área é a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho.
Logo, os profissionais de SST são atores fundamentais para atingir os objetivos. Afinal, a principal tarefa do profissional é prevenir que trabalhadores adoeçam ou se acidentem em virtude do seu trabalho.
Um empregador que deseja vida longa ao seu negócio, deve se empenhar para que os objetivos de SST sejam atingidos.
Todos empregadores, embora alguns ainda não saibam, precisam fazer gestão de SST como forma de cumprir as tarefas vitais para a sustentabilidade de sua empresa.
Para Peter Drucker, a gestão é composta por três tarefas que igual importância:
- Refletir e definir qual o propósito e missão da empresa;
- Fazer do trabalho produtivo e o trabalhador realizado; e
- Gerenciar os impactos e responsabilidades sociais
E como a área de SST afeta no cumprimento dessas tarefas cruciais para o sucesso das empresa?
A importância da SST nas empresas
Sabemos que acidentes de trabalho geram afastamentos e baixa produtividade dos trabalhadores, que ficam inseguros e insatisfeitos quando um colega de trabalho sofre acidente ou adoece em decorrência do trabalho.
As repercussões de um acidente de trabalho para a família do acidentado são enormes. As despesas também são enormes. E quem paga a conta dos acidentes não são apenas as empresas: os custos dos acidentes de trabalho são arcados por toda sociedade.
Estes são apenas alguns fatos que mostram como a área de SST é importante. Um ambiente de trabalho insalubre pode afetar a produtividade das empresas e gerar impactos negativos pra toda sociedade.
Desta maneira, os empregadores que pretendem cumprir as três tarefas essenciais para o sucesso de uma empresa, precisam construir bons bons indicadores de Segurança e Saúde no Trabalho.
Portanto, fazer gestão de SST é prática necessária para qualquer empresa que busca ser competitiva.
Gestão de SST em 7 passos
Segue um passo a passo para fazer gestão de SST na sua empresa:
1˚ Passo: empenho da direção – A primeira ação a ser tomada para se iniciar um sistema de gestão de SST, é convencer e sensibilizar seu chefe ou cliente de que SST é realmente importante para a empresa.
Se a alta direção da empresa não estiver de fato empenhada com a SST, a gestão de SST sempre vai ter uma base com pouca sustentabilidade. É papel da direção o estabelecimento de políticas e o empenho para que elas sejam colocadas em prática.
2˚ Passo: reconhecimento inicial – Depois que se conquista o empenho da chefia, o próximo passo é reconhecer a situação atual de SST da empresa. Quais são os principais problemas e as oportunidades relacionadas com a saúde e segurança dos trabalhadores.
- Quais são os perigos? Existem riscos ocupacionais acima do nível de ação?
- A empresa está cumprindo a legislação trabalhista e previdenciária de SST?
- Qual o histórico de acidentes e afastamentos?
Estas são algumas perguntas que serão respondidas nesse diagnóstico inicial. Mas se você já conhece a situação inicial da empresa então pode passar para o próximo passo, que é definir os objetivos e metas.
3˚ Passo: definição de objetivos e metas – o diagnóstico trouxe à tona os problemas e oportunidades de SST. Com essas informações em mãos, precisamos traçar os objetivos e metas.
Os objetivos de SST, a nível tático e operacional, podem ser:
- A substituição de um processo ou máquina que estão expondo trabalhadores a alto grau de risco;
- Implementar procedimentos e práticas de trabalho em altura, caso esse seja um problema de SST;
- Implementar um sistema de gestão do FAP.
Os profissionais de SST precisam estar capacitados e realmente conscientes dos objetivos traçados. Os trabalhadores também precisam estar conscientes dos objetivos de SST e dos perigos que existem no ambiente de trabalho.
4˚ Passo: Organização – temos que buscar atingir os objetivos e metas de SST . Para tanto, é preciso organizar os recursos, definindo responsabilidades e dando direcionamentos para os colaboradores.
Nesse sentido, os gestores devem garantir que os recursos necessários para a execução das tarefas estejam disponíveis.
Vale ressaltar que os objetivos de SST são alcançados por meio das pessoas. Por isso, precisamos assegurar que todos estejam capacitados e conscientes dos objetivos.
5˚ Passo: Planejamento e Implementação – depois de organizar os recursos e conscientizar colaboradores, o próximo passo é fazer um planejamento de ações. Aliás, o planejamento é a principal ferramenta de gestão.
Através do planejamento, iremos definir os caminhar que nos levarão a realização dos objetivos e metas.
No entanto, não adianta apenas colocar no papel, é preciso trabalhar no dia a dia para fazer com que as coisas aconteçam . Na hora de implementar as ações planejadas, o principal recurso que temos que nos preocupar são as pessoas.
6˚ Passo: Monitoramento – Logo após iniciar a implementação das ações de SST, precisamos ficar atentos ao andamento dos processos e indicadores de SST. Só assim é possível detectar possíveis falhas no nosso sistema de gestão e corrigi-las antes que algo mais grave aconteça.
Por isso, é importante auditar periodicamente todos os elementos do nosso sistema de gestão de SST.
Os gestores devem estabelecer indicadores, procedimentos e práticas que ajudem a monitor a gestão de SST. As informações importantes sobre o andamento da gestão de SST devem estar disponíveis para a tomada de decisão.
7˚ Passo: Revisão – o monitoramento do desempenho da nossa gestão de SST proporcionará informações importantíssimas para avaliação das ações que estão sendo colocadas em prática.
Quando encontramos falhas ou oportunidades de melhoria nas nossas políticas, práticas e procedimentos de SST, revisamos o processo e estabelecemos novo planejamento com as correções.
Tudo isso ocorre num ciclo de gestão. É sistemático! Devemos nos dedicar para melhorar continuamente todos os aspectos da nossa gestão de SST.
Concluindo
As empresas precisam equilibrar os riscos que envolvem suas atividades com a busca pela eficiência e lucratividade. Especialmente porque um má gestão dos riscos ocupacionais pode afetar significativamente a sustentabilidade, lucratividade e imagem de empresas.
Por outro lado, uma boa gestão de SST prepara a empresa parar tirar proveito das oportunidades que a área de Saúde e Segurança do Trabalho pode gerar.
Portanto, empregadores e prestadores de serviço devem começar a se preocupar em fazer gestão se quiserem garantir o sucesso para o seu negócio.