Ergonomia não é fácil nem difícil, apenas é diferente. Por quê?
Porque ela não é uma ciência exata. Ela carrega consigo um quê de subjetividade. Mas já chego lá.
Uma boa análise ergonômica leva em consideração três grandes dimensões. E dentro de uma dimensão, três fontes de informação. Explico!
As três dimensões são: gravidade e/ou severidade do problema, a exposição ao problema e as medidas de controle que a empresa oferece a este problema.
Em se tratando da análise da gravidade, especificamente, na ergonomia usamos três fontes de informação (consulta).
A primeira delas é a observação do avaliador. Neste caso, aquilo que você percebe. Um olhar treinado é fundamental.
A segunda delas é informação oriunda de ferramentas de análise (o que Rula diz sobre a postura em questão? O que NIOSH constata sobre o manuseio de carga? O que a ABNT define sobre aquele mobiliário?).
A última fonte de consulta vem de um elemento essencial, crucial, indispensável no processo de análise do risco ergonômico. Este elemento chama-se “trabalhador”. Não existe ergonomia sem entendê-los. Sem consultá-los. Sem dar voz a seus desconfortos.
E é aqui que mora a subjetividade. Quando estamos avaliando a interface entre o trabalho e o trabalhador, uma mesma atividade pode ser intensa para um e não para outro.
Voltando a três fontes de informações.
Imagina que você chega na empresa e percebe um ruído intenso naquele setor (avaliador). Conversa com as pessoas e há verbalizações que de fato aquele ruído causa desconforto. Por fim, você usa seu decibelímetro e constata que de fato o ruído não atende a norma. Pronto! Você tem um risco.
Agora você precisa ponderá-lo. Você precisa entender se a exposição a este risco é grande. Precisa entender também se a empresa oferece medidas de controle. Existem matrizes de risco para isso. Podemos tratar disso num próximo papo.
Resumindo: Nunca renuncie às três fontes de informação somadas às duas ponderações. Só assim você tem uma análise de risco ergonômico consistente.